LOGIA AMERICA

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A BIBLIA E TEMPLO DE SALOMAO

A tradição bíblica

O Templo de Salomão, outrossim, integra as narrativas do livro mais respeitável na sociedade ocidental - a Bíblia. Ao sair do Egito, conduzido por Moisés, o povo hebreu não possuía uma religião definida, muito menos um templo.Tão somente após o episódio no monte Sinai - quando Moisés recebe de Deus as normas fundamentais da Lei bem como as instruções exatas quanto à construção da Tenda Sagrada (o Tabernáculo) - é que os hebreus passam a ter um local específico de culto, nessa Tenda abrigando os objetos sagrados, a saber: a Arca da Aliança, a Mesa dos pães ázimos (ou sem fermento), o Candelabro de sete braços (Minorá). Haveria também um altar para queimar as ofertas sacrificais, outro para queimar incensos (perfumes) e uma pia de bronze (todos conhecem essa história). E enquanto o povo vagava pelo deserto, Deus orientava quando, onde e por quanto tempo estacionar. Os retirantes do Egito levantavam seu acampamento de um lugar ao outro somente quando a nuvem que cobria o Tabernáculo (indicando a presença do Eterno) se erguia e indicava o caminho a ser seguido. Durante o dia, a nuvem; a noite, uma coluna de fogo (veja em Êxodo, 40.34-38; ou em Números, 9.15-23). E foram quarenta anos.

Antes de Jerusalém ser transformada por David na capital do reino, ainda no tempo de Samuel (um sacerdote, juiz, profeta, mediador, chefe de guerreiros - Deus, falando a Jeremias, equipararia Samuel a Moisés - Jer. 15.1) - a Arca ficou guardada em um templo, em Silo, sob os cuidados da família de Eli, também sacerdote. Em Silo, Josué (que sucedera a Moisés) acampara o povo pela última vez (Josué, 18.1 e sgs.). Esse pequeno templo de Silo foi, presumidamente, destruído pelos filisteus (Jer. 7.11-12: “Será que vocês pensam que o meu Templo é um esconderijo de ladrões? Vão a Silo, o primeiro lugar que escolhi para nele ser adorado, e vejam o que fiz ali por causa da maldade de Israel.” Assim falou o Eterno.). Outrossim houve também o templo de Betel, às margens da estrada que ligava Siquém a Jerusalém - Betel, tão ao gosto dos maçons, mas sede de um culto desviado, esse é o fato. Em Betel seria adorado um deus de mesmo nome, que causaria desilusões aos israelitas (Jeremias, 48.13). Esse templo, rejeitado pelos profetas (Amós, 10.13), ficou sendo o santuário do reino do norte, nele havendo a imagem idólatra de um touro (1 Reis, 12.29). Sim, Betel - embora suscite a lembrança do altar construído por Abraão (Gen. 12.8), o sonho de Jacó com sua escada (tão ao gosto maçônico) e a pedra comemorativa que ali foi erguida (Gen. 28.10-22) - tem essa parte negativa de idolatria também. Pois é.

David, já consagrado rei, levaria a Arca da Aliança para Jerusalém (1 Crônicas15.25-28). Tão alegre e festivo esteve David nesse cortejo (cantando e dançando com o povo), que Mical, sua esposa, filha de Saul, sentiu desprezo por ele (1. Cron., 15.29). Contudo o tabernáculo e o altar dos sacrifícios continuariam em Gabaon, posto que David caíra em desgraça aos olhos de Deus. Derramara sangue em abundância, fizera guerras em demasia e, por isso mesmo não poderia edificar em nome de Deus (ver I Cron. 22.6-19). Somente Salomão teria a glória de construir o Templo - o primeiro de Jerusalém, posto a ocorrência de mais dois templos: o construído por Zorobabel, após o exílio na Babilônia, e o construído por Herodes (todos conhecem essa história).

Fontes extrabíblicas

Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, se ter certezas quanto a esse primeiro templo de Jerusalém. Não há registros extrabíblicos. As escavações arqueológicas ainda não apresentaram alguma comprovação válida da existência dessa obra. Explica-se tal ausência de restos arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou ao fato de insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar (santificado por diversas linhas religiosas) seria o hoje ocupado pela belíssima e muito sagrada Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrifica seu próprio filho, Isaac (Gen. 22.1-19) - onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao Céu (portanto mais do que justificado o impedimento maometano em permitir escavações naquele local santificado). Contudo, causando decepção, não são encontrados, também, registros arqueológicos (monumentos comemorativos) da vitória de Nabucodonosor, como, por exemplo, podem ser encontrados registros do triunfo romano de Tito, seiscentos anos após, destruindo o templo construído por Herodes (a terceira construção na série histórica).

fala-se no célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo as determinações científicas de datas ali procedidas dão ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo, tornando-a uma obra mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo, destruído pelos romanos.

Contudo Salomão foi efetivamente um grande construtor. Sua época - historicamente considerada, arqueologicamente comprovada - foi de grande prosperidade. Um dos registros arqueológicos mais significativos dessa época, é o da cidade de Megido, um complexo notável, cavalariças com seus pilares em série, talhados em pedra calcárea. Há, outrossim, ainda do tempo de Salomão, restos arqueológicos da fundição-refinaria de cobre em Ezion-Geber, produtora da matéria-prima que serviria de ornamentos e utensílios de bronze (que as narrativas bíblicas apontam ao Templo). Outrossim (mesmo sem descobrimentos arqueológicos em Jerusalém) pelo resultado de outras escavações e estudo de documentos diversos (o leitor interessado encontrará detalhes e documentação em Alex Horne, op. cit., Cap. IV, p. 37 e sgs.) é possível estabelecer conclusões quanto à arquitetura atribuída ao Templo de Salomão, no que concerne à ornamentação, disposição das dependências, técnica construtiva, comparando a tradição bíblica com restos arqueológicos de outros templos do Oriente próximo. São lições preciosas.

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